Esse livro é um panorama dos significados do design atualmente. Hoje os seres humanos são rodeados por uma infinidade de objetos que os auxiliam nas mais diversas funções. A publicidade e a moda tornam diversos itens desejáveis, prometendo realização àqueles que o possuírem. No entanto, análises minuciosas do papel do design e dos caminhos percorridos até o presente são raras.

O primeiro capítulo do livro trata da linguagem do design de um ponto de vista analítico. São abordados temas relativos a como um produto pode vender a si mesmos, possuindo características que estampam os rótulos de profissional, moderno, eficiente, etc. Mas também analisa como quase todos eles acabam por pecar numa das questões mais básicas do design: o uso. Laptops deslumbrantes que acumulam poeira e marcas de dedos, tornando-se peças lastimáveis após poucas horas de uso.
Esse é um reflexo da própria evolução do design, que passou por muitas fases até se tornar determinante na curva de vendas, ou seja, no consumo. Com isso, o autor faz uma breve passagem pela história do design e menciona os diversos fatores que um designer deve(ria) considerar. Um par de óculos é tanto um objeto destinado a fins médicos (corrigir a visão), quanto um acessório de moda (armações finas, grossas, coloridas ou não).
E não só a esses fatores o design está submetido. Componentes histórico-culturais, políticos e sociais também moldam as superfícies e finalidades dos produtos, dando-lhes aparências bem distintas, mesmo quando são confeccionados para o mesmo fim. Usando as palavras do autor: o design é o DNA de uma sociedade industrial. É uma linguagem que reflete os valores emocionais e culturais, seus objetivos e seus valores.
O segundo capítulo trata dos arquétipos do design. Arquétipos são as “imagens” primitivas de como algo se parece. Uma cadeira tem quatro pernas, um carro tem 4 rodas (no chão, ao menos), etc. No caso do design, esses arquétipos são explorados, mas acabam passando desapercebidos: quem criou a cadeira com quatro pernas? Essas são questões que não são feitas, pois agora é preciso conferir a uma cadeira um aspecto que seja coerente com um objetivo específico: ser moderna, confortável, ou parecer colonial, conferir status de presidente, etc.
Mesmo assim, as indicações de como um objeto se parece acaba por seguir arquétipos, por exemplo, há uma imagem bem definida de quais características uma garrafa de vinho francês deve ter, em oposição a um português ou alemão. Assim, esses aspectos criam significados, tanto práticos, quanto simbólicos. Mesmo assim, os arquétipos em si não são regras absolutas, os designers pós-modernos trabalharam para subverter essas imagens e criar objetos que em nada lembram, por exemplo, uma cadeira.
E ainda há outros objetos que não possuem uma imagem predefinida. Os telefones celulares não possuem um arquétipo, ou ele está em construção. Esses aparelhos acabam assumindo tantas funções e um nível de complexidade tal, que é improvável que se configurem como um aparelho de telefonia fixa. E tampouco essa configure uma preocupação aos designers ou industriais. O foco é criar uma série de características que incitem o consumidor a ter o aparelho de última geração, que proporcione o máximo de possibilidades, que seja específico para o seu gênero, para uso doméstico ou no trabalho, etc.
O terceiro capítulo trata da visão atual de luxo, e como ela se transformou ao longo do tempo. O autor traz uma discussão interessante sobre a associação luxo x valor, apontando que, algumas vezes, um objeto pode se tornar luxo apenas por ser vendido a um preço alto, independentemente do grau de refinamento, qualidade técnica, etc.
Por outro lado, o autor analisa como as inovações tecnológicas estão tirando o prestígio de muitos objetos, como a caneta tinteiro, por exemplo. Nesse caso, a tecnologia e conveniência de um teclado, somada à propensão de a caneta vazar a tinta na mão do usuário ou no bolso de um paletó estão contribuindo para isso. É preciso dizer também que o uso dos meios digitais reduziu a importância de uma caligrafia com estilo.
O autor continua dizendo que o luxo era prontamente identificado com o feito à mão, com o trabalho artesanal. Atualmente, isso não é necessariamente verdade, por isso o luxo precisa se reinventar e descobrir novas coisas para torna-las difíceis. Seja pelo uso de material acima do necessário para a fabricação de um produto, seja pela invisibilidade de costuras, soldas, parafusos, etc. Esses fatores dão a entender que, muitas vezes, o luxo está nos detalhes.
O quarto capítulo trata da moda e sua influência nos dias atuais. A moda, de assunto frívolo passou a ser influente e até determinante em muitas áreas, como mobiliário, automóveis, etc. O autor descreve algumas estratégias adotadas por grandes nomes da área para obter visibilidade no mundo todo. Foi a publicidade que tornou a moda um aspecto tão importante na vida das pessoas, a ponto de transformar desfiles em eventos sociais de alto padrão e de repercussão mundial.
Atualmente, a fama está firmemente atrelada à moda. O autor ilustra como a moda é utilizada para refletir os valores de figuras ilustres, classes, ou até de uma sociedade inteira. Com vários exemplos ao longo da história, o autor relaciona as vestimentas de pessoas ou grupos e seus ideais políticos e seu modo de vida.
Por fim, o último capítulo é dedicado à arte e suas relações com o design. São tratados aspectos que delineiam por que uma obra de arte é sempre mais valiosa do que uma peça de design. Também é trazida à tona a questão paradoxal dos museus de design, que dizem acolher peças que são estritamente de design, mas que são exibidas com status de arte em suas galerias.